Sonhei assim

Sonhei que tomávamos o pequeno-almoço naquele nosso cantinho revestido a tons de mel, ao ritmo que o despertar para o dia nos permitia. A vontade era estar vestida de lençol branco, sentindo o teu calor a escassos centímetros de mim na cama. Mas olhei pela janela. O que vi demoveu-me destas ideias. A magia esperava lá fora por nós. Um ambiente de envolvência difícil de traduzir em palavras, mas que o sorriso e os olhos embevecidos explicam.
 
E assim partimos ali à aventura, mais uma vez. Voltámos àquele sítio de uma perspectiva única onde vemos o rio e a ponte de toques e retoques seculares, de contrastes alvos e dourados, que lhe dão uma beleza de uma imponência gigantesca. Ao fundo, ela cimeira e altiva, sempre ela, a ver-nos onde quer que estejamos.
 
Passeámos, andámos, perdemo-nos pelas ruas e ruelas, sorrimos, explorámos, vivemos aquela cidade, que dorme, mas pouco.
 
Subimos ao ponto mais alto da cidade, o seu ex-libris, motivo de muitas palpitações. Estando nós num sítio alto, muito mais do que nos deslumbrarmos com a altura, com a paisagem envolvente, deslumbramo-nos um com o outro e com o facto de estarmos ali, naquele sítio, que diz tanto de nós. Sei o que quis dizer aquele teu respirar fundo, quando me apertaste deliciosamente contra ti. Sei, li-o nos teus olhos. A minha concordância traduziu-se num meu sorriso tímido e envergonhado. Percebeste?
 
Sim, sonhei Paris. Quero voltar.