segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Hoje não te conto uma história...

Porque não quero. Dizem que sim, que é dia para nos dedicarmos ao Amor, que devemos estar com as nossas pessoas hoje. A minha pessoa não está comigo hoje e talvez me devesse sentir triste. Mas não sinto, pelo menos por isso. Sabes que não gosto dos dias obrigatórios, gosto de dias livres para fazer o que é obrigatório. Sempre fui assim, de opiniões divergentes, face à corrente. No dia do Amor, não quero saber de vermelho, de corações, de pseudo-romantismo, de beijinhos e abraços só porque o dia o impõe, só porque o calendário o indica. Não! O mundo não pode ser só hoje em forma de coração e amanhã voltar a ser redondo. Não gosto disso, não quero corações de ocasião, não os quero hoje.
 
Celebro o Amor nos outros 364 dias, que para mim são muito mais importantes. E por isso não estou triste, entristece-me antes não te ter em todos os restantes dias também, em presença física, para então celebrar o Amor. Entristecer nem é a palavra mais adequada. Consome-me a alma, corrói aos poucos. É como uma doença. Há dias que me aflige mais, outros menos, em função da quantidade de coisas que me conseguem preencher o pensamento e da quantidade de pequenos pedaços de tempo que me dedicas faseadamente. Refugio-me no silêncio nos dias de maior impaciência. O silêncio sempre foi o meu grande aliado.
 
O silêncio, por definição, é o que não se ouve. É ausência de palavras, de sons, de trocas. O silêncio escuta, acalma, examina, observa, pesa e analisa. Gosto dele, porque é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do meu ser, a melodia calada sob a luz solar, as expectativas fervilhantes que nele pululam, o desalento bolorento que fermenta.
 
A menina do silêncio viaja sempre em tapete de silêncio por um Universo só seu. Olha, sobranceira, para os dias maus, desmontando cada movimento. É nesta tarefa, modo de ser e estar que te vejo sem ver, que te escuto quando me falas ao longe, observo sem ver e leio a alma. Preciso de tudo isto. É assim que a minha alma se alimenta de ti, porque na maior parte dos dias é a única alternativa. Tenho saudades tuas, sabes? Saudades de te abraçar quando quero, apertar-te a meio da noite para ter a certeza de que estás ali ao meu lado. Custa-me cada vez mais o vazio na cama, o telefonema quase telegráfico na hora de economizar tempo. Silêncio. Saudades. Começam as duas palavras por "S".
 
Caem sobre o silêncio estas palavras de saudade. Todas as palavras, ora de rajada, ora de mansinho. Nem todas perceptíveis, nem todas conseguem dizer o que sinto. Não te consigo descrever o quanto estou ansiosa por, mais uma vez, te abraçar, por te apertar, por te beijar, por adormecer com a cabeça no teu ombro, cansada de te dar mimos. Não há palavras que completem tudo o que está associado a isto. Por isso, remeto-me ao silêncio e suspiro. Cada vez que expiro, sinto o coração a bater por ti. Afinal, neste dia sempre vem o coração à conversa. :)
 

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