terça-feira, 1 de novembro de 2011

Acerto do relógio


Olho para o relógio, lembro-me que tenho de acertar a hora e assoma-se-me à memória que estamos quase em Novembro. É o sorriso que esboço que me acelera a batida do coração, que me traz boas lembranças. A passagem de Outubro para Novembro será sempre um marco no calendário, uma altura especial do ano.
Há quem diga que renasce na Primavera, eu – como sempre a remar em sentido contrário ao mundo – renasci no Outono. As folhas que caíam naquele Outono simbolizavam as minhas cicatrizes a cair para a minha regeneração que se seguiu. A estrutura ficou, tudo o que renasceu foi vindo de ti.
A magia do renascimento foi um processo mágico, com os tais pós de perlimpimpim. Uma fase de felicidade, de  medo também de estar a viver um sonho do qual se acorda com uma queda da cama a meio da noite. Sim, tive medo de sentir, de cair, mas a cada dia de felicidade me era cada vez mais impossível refrear-me. Comecei a amar-te, numa altura em que o frio da rua exige à alma um calor mais duradouro. E cumpriste esse papel. Aqueceste-me a alma. Ainda hoje, pensar em ti é sentir a alma quente, cheia.
Olho para o relógio outra vez e volto a lembrar-me que tenho de pôr os ponteiros para trás. Conto as vezes que já o fiz com o sorriso nos lábios noutros anos ao atrasar uma hora no relógio. Jamais imaginaria que atrasar um relógio para me sintonizar com o mundo fosse divertido. Mas é, porque me lembra tu.
É em alturas como estas - em que se atrasa o relógio - que tendemos a pensar nos anos que passámos em conjunto, nos momentos que fomos vivendo juntos. Foram poucos, tenho a  dizer. Alguns porque não podemos estar juntos, porque há minutos longos que demoram a passar, outros porque não os quis partilhar contigo, porque não ando em sintonia com o mundo e não tenho o direito de te preocupar quando as pilhas faltam no relógio. Quero mais momentos contigo. Quero-te.
Já temos alguma história em comum, a nossa história. Começas a ser passado, a ser o meu passado que se estende ao presente e quero que sejas futuro.
Para o ano, és tu quem me vai atrasar o relógio, sim?

1 comentário:

S* disse...

Mas que bela analogia... isso ainda promete!