O desconforto que me causas é demasiado sufocante e corrosivo. Quero-te longe de mim, dos meus pensamentos e das minhas frases. Quero-te eternamente ausente, envolto numa nuvem espessa que me permita não te ver, não ter notícias tuas. Nunca mais.
Não te quero, nunca te amei. Talvez tenha sido esse o castigo por não ter feito a minha cura e passar automaticamente para a zona de conforto e por lá ficar demasiado tempo. Saber que não te amava e deixar que fizesses parte da minha vida foi a minha pior acção de todos os tempos. Foi contigo que cresci, mas não ao teu lado, sempre longe, distante e a pior distância é a que se cria com a ausência de sentimentos. Os momentos bons foram tão escassos, face àqueles que me foram privando do sumo da vida, espremendo, ano após ano, a energia de viver. Fiquei uma pessoa amarga, com muitas cicatrizes e que, mesmo depois de te querer afastar, feriste e voltaste a ferir sem dó e voltarás a ferir... se te deixar fazê-lo. Por tantas e tantas vezes quis fazer de ti uma página rasgada de um livro... por tudo. Pela ausência que eras de mim, pela vergonha que me fazias sentir, pela falta de sentido que davas à minha vida.
Preciso de cortar com o passado e com as tentativas que fazes de lembrá-lo. Hoje é um dia que não quero lembrar, que não deveria constar do calendário daquele ano já longínquo ano. Para ti as datas são marcos. Para mim são nada. O importante não é contar os anos, é fazer com os anos contem e contigo os anos contaram para me fazer mal. Quero expulsar-te de mim, expurgar-te sem que haja vestígios. Fazes-me demasiado mal, sob o signo da amizade. Lá sabes tu o que é a amizade... Ah! Se soubesses... Seria tão melhor, tão mais fácil.
Não te quero, nunca te amei. Passado que me atormentas, quero soltar a raiva de ti que tenho no meu coração ainda a fervilhar a ocupar indevidamente espaço que não é para ela. Está a impedir que a paz, a serenidade, e o amor lá estejam pacificamente.
Vai. Para longe. Não te quero, nunca te amei.
Sem comentários:
Enviar um comentário